quinta-feira, 14 de junho de 2012

40 Dias de Propósitos - Dia 19 - Cultivando a comunidade

Vocês podem desenvolver uma comunidade saudável e robusta que viva de acordo com Deus e desfrute os resultados se tão-somente derem conta da árdua tarefa de se relacionarem bem uns com os outros, tratando-se digna e honradamente.
Tiago 3.18; Msg

Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos, à vida em comum, à refeição comunitária e às orações.
Atos 2.42; Msg

Comunidade exige comprometimento.
Somente o Espírito Santo pode criar uma verdadeira comunhão en¬tre crentes, mas ele processa isso através das escolhas e compromissos que fazemos. Paulo trata dessa dupla responsabilidade: Vocês estão unidos na paz por meio do Espírito. Esforcem-se, portanto, para con¬tinuar unidos desse modo.1 É necessário tanto o poder de Deus quanto o nosso esforço para produzir uma comunidade cristã amorosa.
Infelizmente, muitas pessoas crescem em famílias com relaciona¬mentos perniciosos, então carecem das habilidades relacionais ne¬cessárias à verdadeira comunhão. Elas devem ser ensinadas a lidar e se relacionar com as outras pessoas na família de Deus. Felizmente, o Novo Testamento é repleto de instruções sobre como partilhar uma vida. Paulo escreveu: Escrevo-lhe estas coisas, [para que] saiba como viver na família de Deus. Essa família é a igreja.2
Se você está cansado de comunhão fajuta e gostaria de cultivar uma comunidade amorosa com uma comunhão verdadeira em seu grupo pequeno, classe de escola dominical ou igreja, será necessário fazer algumas escolhas difíceis e assumir alguns riscos.

Formar uma comunidade exige sinceridade. Você deverá ter uma grande dedicação a falar a verdade de forma carinhosa, mesmo quando preferir passar por cima de um problema ou desconsiderar um assunto. Embora seja muito mais fácil permanecer em silêncio enquanto os outros à sua volta prejudicam a si próprios e aos ou¬tros com alguma prática pecaminosa, essa não é a atitude de amor a ser tomada. Poucas pessoas podem contar com alguém que as ame o suficiente para dizer-lhes a verdade (mesmo quando a verdade machuca), então continuam em caminhos de autodestruição. Nós freqüen¬temente sabemos o que precisa ser dito a alguém, mas nossos temo¬res nos impedem de dizer. Muitas comunidades são sabotadas pelo medo: ninguém tem coragem de falar em meio ao grupo, enquanto a vida de um membro desmorona.
A Bíblia nos manda falar a verdade em amor,3 porque não pode¬mos ter uma comunidade sem sinceridade. Salomão disse: A respos¬ta sincera é sinal de uma amizade verdadeira.4 Algumas vezes, isso significa importar-se a ponto de carinhosamente questionar aquele que estiver pecando ou sendo tentado a pecar. Paulo diz: Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espiritu¬ais, deverão restaurá-lo com mansidão.5
Muitas comunidades e grupos pequenos permanecem superfici¬ais por terem receio de conflitos. Toda vez que uma questão vem à tona e pode causar tensão ou desconforto, é imediatamente enco¬berta, a fim de preservar uma falsa sensação de paz. O Sr. “Panos Quentes” intervém e tenta aplacar os ânimos. O assunto nunca é resolvido, e todos vivem com uma frus-tração dissimulada. Todos sabem do problema, mas ninguém fala sobre ele abertamente. Isso cria um ambiente doentio de segredos, onde floresce a fofoca. A solução de Paulo era direta:
Chega de mentiras, chega de fingimento. Fale a verdade ao seu próximo. Afinal, no corpo de Cristo, estamos todos ligados uns aos outros. Quando você mente para os outros, você acaba mentindo para si mesmo.6
A verdadeira comunhão, seja no casamento, seja na amizade, seja na sua igreja, depende da franqueza. Na verdade, o túnel do conflito é a travessia para a intimidade em qualquer relacionamento. Até que vocês se importem o suficiente para confrontar e solucionar os obstá¬culos encobertos, jamais ficarão íntimos uns dos outros. Quando um conflito é tratado corretamente, crescemos em intimidade uns com os outros ao enfrentar e resolver nossas diferenças. A Bíblia diz: No fi¬nal, as pessoas valorizam a sinceridade mais que a bajulação.7
Franqueza não é uma licença para dizer o que você quer, onde quiser e sempre que quiser. Não é grosseria. A Bíblia diz que existe um tempo certo e um modo certo de fazer cada coisa.8 Palavras impen¬sadas deixam feridas permanentes. Deus nos manda falar uns aos outros na igreja como carinhosos membros da mesma família: Não repreenda asperamente o homem idoso, mas exorte-o como se ele fos¬se seu pai; trate os jovens como a irmãos, as mulheres idosas como a mães, e as moças como a irmãs.9
Lamentavelmente, milhares de comunidades foram destruídas por falta de honestidade. Paulo teve de re-preender a igreja de Corinto pelo seu código de silên¬cio passivo, ao permitir a imoralidade em sua comuni¬dade. Visto que ninguém tinha coragem de enfrentar o problema, ele disse: Vocês não podem simplesmente virar para o outro lado e esperar que isso vá embora por si mesmo. Exponham a situação e lidem com ela [...] melhor a desolação e o constrangimento do que a condenação [...] Vocês deixam isso passar como sendo algo pequeno, mas é tudo, menos pequeno [...] Não deveriam agir como se tudo estivesse tranqüilo, quando um de seus companheiros cristãos é promíscuo ou delinqüente, é impertinen¬te com Deus ou indelicado com os amigos, quando se embebeda ou se torna ganancioso e voraz. Vocês não podem simplesmente concordar com isso, agindo como se fosse um comportamento aceitável. Não sou responsável pelo que fazem os de fora, mas não teríamos alguma res¬ponsabilidade por aqueles de dentro de nossa comunidade?10

Formar uma comunidade exige humildade. A presunção, o con¬vencimento e o orgulho obstinado destroem a comunhão mais rápi¬do que qualquer outra coisa. O orgulho ergue muros entre as pesso¬as; a humildade ergue pontes. A humildade é o ungüento que acal¬ma e suaviza as relações. É por isso que a Bíblia diz: Sejam todos humildes uns para com os outros.11 A vestimenta adequada à comu¬nhão é a postura humilde.
O resto do último versículo diz:... porque Deus se opõe aos orgu¬lhosos, mas concede graça aos humildes.12 Essa é a outra razão pela qual precisamos ser humildes: o orgulho obstrui a graça de Deus em nossa vida, a qual devemos ter para crescer, nos transformar, ser sarados e ajudar os outros. Recebemos a graça de Deus ao admitir humildemente que precisamos dela. A Bíblia diz que, no momento em que somos arrogantes, vivemos em oposição a Deus! Essa é uma maneira tola e perigosa de viver.
Você pode desenvolver a humildade de várias maneiras práticas: admitindo suas fraquezas, sendo paciente com as fraquezas dos outros, estando aberto para admoestações e pondo os outros em evidência. Paulo orientou: Tenham a mesma atitude uns para com os outros. Não sejam orgulhosos, mas estejam dispostos a associar-se a pessoas de posição inferior. Não sejam sábios aos seus próprios olhos.13 Aos cristãos em Filipos ele escreveu: Humildemente conside¬rem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.14
Humildade não é pensar menos de si mesmo, mas pensar menos em si mesmo; humildade é pensar mais nos outros. Os humildes con¬centram-se de tal forma em servir os outros, que não pensam em si.

Formar uma comunidade exige cor¬tesia. Somos corteses quando respeita¬mos nossas diferenças e somos cuida¬dosos com os sentimentos uns dos ou¬tros e pacientes com as pessoas que nos irritam. A Bíblia diz: É preciso carregar o “fardo” de termos consideração para com as dúvidas e temores de outras pes¬soas — daqueles que sentem que essas coisas estão erradas. Agrade¬mos ao outro, e não a nós próprios, e façamos aquilo que é para o seu bem e assim o edificaremos no Senhor.15 Paulo disse a Tito: O povo de Deus deve ser generoso e cortês.16
Em toda igreja e em todo pequeno grupo, há sempre pelo menos uma pessoa “difícil”, e normalmente mais que uma. Essas pessoas podem ter carências emocionais, insegurança profunda, maneirismos irritantes e escassas habilidades sociais. Você deve chamá-las de pessoas NTE (“Necessária Tolerância Extra”).
Deus pôs essas pessoas em nosso meio tanto para benefício delas quanto nosso. Elas são uma oportunidade para crescermos e um teste para a comunhão. Será que conseguiremos amá-las como ir-mãos e irmãs, tratando-as com dignidade?
Em uma família, a aceitação não se baseia em quanto você é esperto, bonito ou talentoso. Baseia-se no fato de pertencermos uns aos outros. Defendemos e protegemos a família. Um membro da família pode ser um pouco pateta, mas ainda assim é um de nós. Da mesma forma, a Bíblia diz: Sejam dedicados uns aos outros como uma família afetuo¬sa. Aprimorem-se em demonstrar respeito uns para com os outros.17
A verdade é que todos temos excentricidades e traços de tempe¬ramento irritantes, mas comunidade não tem nada que ver com com¬patibilidade. O fundamento para termos comunhão é nosso relacionamento com Deus: somos uma família.
Um segredo para a cortesia é saber de onde as pessoas estão vindo. Descubra o histórico delas. Quando você souber por que coi¬sas passaram, certamente será mais compreensivo. Em vez de pen¬sar na distância que elas ainda têm a percorrer, pense na distância que já percorreram apesar da dor que carregam.
Outra parte da cortesia é não subestimar as dúvidas das outras pessoas. O fato de você não temer alguma coisa não torna esse sen¬timento inválido. A verdadeira comunidade se forma quando as pes¬soas sabem que é seguro partilhar seus medos e suas dúvidas sem serem julgadas.

Formar uma comunidade exige sigilo. Somente em um ambien¬te seguro, onde houver um acolhimento carinhoso e sigilo confiável, as pessoas se abrirão e compartilharão suas maiores mágoas, neces¬sidades e erros. Sigilo não significa ficar em silêncio enquanto seu irmão ou irmã peca, e sim saber que aquilo que for comentado no grupo ficará restrito ao grupo. O grupo precisa conviver com isso e evitar a fofoca.
Deus detesta a fofoca; principalmente quando é maldosamente disfarçada como “pedido de oração” a favor de alguém. Deus diz: Os maus provocam discussões, e quem fala mal dos outros separa os maiores amigos.18 A fofoca sempre causa mágoa e discórdia, e isso destrói amizades. Deus é claro quando nos orienta a advertir os que causam dissensão entre cristãos.19 Eles podem se enfurecer e deixar seu grupo ou igreja ao serem enfrentados por causa de suas ações que semeiam a discórdia; mas a comunhão da igreja é mais impor¬tante que qualquer indivíduo.

Formar uma comunidade exige constância. Você deve manter um contato constante e regular com seu grupo, a fim de desenvolver a verdadeira comunhão. Relaciona¬mentos exigem tempo. A Bíblia nos diz: Não abandonemos, como alguns estão fazendo, o costume de assistir às nossas reuniões. Pelo contrário, animemos uns aos outros.20 Devemos desenvolver o hábito de nos reunir. Hábito é algo que você faz com freqüência, e não uma vez ou outra. Você tem de passar tempo com as pessoas — muito tempo — para estabelecer relacionamentos ínti¬mos. É por isso que a comunhão é tão superficial em muitas igrejas; não passamos tempo suficiente juntos, e o tempo que passamos é usado normalmente para ouvir uma única pessoa falar.
Uma comunidade não é formada de acordo com nossa conveniência (“Vamos nos reunir quando eu tiver vontade”), mas na convicção de que ela é necessária para nossa saúde espiritual. Se você quiser cultivar uma comunhão verdadeira, isso signifi¬cará reunir-se mesmo quando você não tenha vontade, porque você acredita que é importante. Os primeiros cris¬tãos se reuniam todos os dias! Regularmente eles adoravam juntos no templo todos os dias, reuniam-se em grupos pequenos nas casas para a Comunhão, e participavam das suas refeições com grande alegria e gratidão.21 Viver em comunhão requer investimento de tempo.
Se você é membro de um grupo pequeno ou de uma classe de escola dominical, recomendo que se faça um pacto entre todos, o qual inclua as nove características da comunhão bíblica: “Partilha¬remos nossos verdadeiros sentimentos (autenticidade), incentivare¬mos uns aos outros (reciprocidade), apoiaremos uns aos outros (compaixão), perdoaremos uns aos outros (misericórdia), falaremos a verdade com amor (sinceridade), admitiremos nossas fraquezas (humildade), respeitaremos nossas diferenças (cortesia), não fofocaremos (sigilo) e faremos do grupo uma prioridade (constância)”.
Quando você olha a lista de características, torna-se evidente o motivo por que comunhão é tão rara. Ela significa desistir de nosso individualismo e independência para nos tornar interdependentes. Mas os benefícios de dividir a vida com os outros suplanta larga¬mente os custos e nos prepara para o céu.

DÉCIMO NONO DIA
PENSANDO SOBRE MEU PROPÓSITO

Um tema para reflexão: Comunidade exige comprome-timento.

Um versículo para memorizar: Nós compreendemos o que é o amor quando descobrimos que Cristo deu sua vida por nós. Significa que temos de dar nossa vida pelos outros crentes (1 João 3.16; GWT).

Uma pergunta para meditar: Como posso hoje ajudar a criar as características de uma comunidade verdadeira em meu grupo pequeno e em minha igreja?