“Se
você conhecesse a generosidade de Deus, e quem lhe está pedindo, você lhe teria
pedido e ele lhe teria dado algo muito superior, a água viva”.(1)
Jesus
foi um mestre por excelência. Em vez de enunciar verdades de forma direta,
preferia deixar que seus ouvintes as descobrissem por si mesmos. De maneira
indireta, ensinou várias vezes o que é adorar ao Pai, qual a importância desse
ato, e que recompensas há para quem o adora.
No entanto, é em uma conversa com uma
anônima mulher samaritana, à beira de um prosaico poço num pequeno vilarejo de
Samaria, que Jesus menciona abertamente a questão da adoração.
Parece mesmo uma história prosaica,
trivial, até que nos deixemos envolver por ela, até que deixemos que ela nos
interiorize, até que nos tornemos personagens dessa história, até que nos vemos
a nós mesmos conversando com Jesus, o Filho de Deus, diante daquele simplório
poço de um vilarejo samaritano.
Eis a história: no meio de uma de
suas viagens, Jesus faz uma parada para descanso. Como já era meio dia,
os discípulos saem para comprar comida. Ele percebe então que chega uma mulher
para tirar água, em pleno calor do meio dia da Palestina. Ele se dirige a ela e
diz: “Dê-me um pouco de água”.(2)
A partir de então, começa um diálogo
entre Jesus e essa mulher samaritana, extremamente revelador da condição
humana, das necessidades, das dores e sofrimentos, da busca por esperança,
enfim, estamos diante de um dos mais profundos diálogos da Bíblia onde estão
sendo tratados os grandes temas da vida, da sociedade.
Não é apenas a samaritana que está lá
diante do poço, mas somos nós, cada um de nós, revelando as nossas “sedes
interiores” diante da vida. A conversa continua e revela uma mulher não apenas
com sede de água, mas com muitas outras sedes na alma. Revela também que o ser
humano é um adorador nato. Se não adorar a Deus, vai adorar qualquer outra
coisa ou pessoa.
O ser humano adora porque tem sede na
alma, desde que foi separado da comunhão com Deus no jardim do Éden por
causa do pecado, e a primeira resposta de Jesus revela que a mulher está
buscando tanto a coisa errada quanto a pessoa errada: “Se você conhecesse a generosidade de Deus, e quem
lhe está pedindo, você lhe teria pedido e ele lhe teria dado algo muito
superior, a água viva”. (3)
Quando ela percebe que Jesus pode
resolver seu problema mais imediato, ela começa a se interessar pelo que Jesus
está dizendo. “Senhor, me dá logo dessa água”(4). É como dissesse: “Eu
vivo aqui nessa vida miserável de todo santo dia vir tirar água nesse poço, ao
meio dia. Eu quero sair dessa vida! Diga-me logo como consigo isso”.
Esse encontro revela que podemos
estar diante de algo sublime, mas ainda assim preocupados com coisas menores. A
atenção da samaritana estava em um cântaro de água, quando Jesus estava pronto
a lhe oferecer uma fonte de água viva que aplacaria todas as sedes de sua alma.
Esse é o nível da adoração iniciante. É quando já percebemos Deus,
mas o percebemos apenas como um Deus-resolvedor-de-problemas.
Muitos de nós conhecemos a Deus a
partir de uma necessidade, de uma frustração, de um sofrimento, de uma perda.
Afinal, Ele veio para dar vista aos cegos, libertar os cativos, curar os doentes
e salvar os perdidos. Deus tem prazer em nos abençoar. Não há nenhum problema
nisso, se não ficarmos apenas por aí!
Deus se utiliza das necessidades
humanas para nos atrair a Ele. Porém, uma vez atraídos, Ele também espera que
cresçamos no relacionamento e na fé, em direção às águas mais profundas da
adoração. E você? Como está o nível de relacionamento com Deus? Ele pode
chamá-lo(a) de amigo(a)?
© Emanoel Florêncio Mannô
1. Jo 4.10 – 2. Jo 4.7 – 3. Jo 4.7 – 4. Jo 4.15
________________________
Oração
Querido
Deus, obrigado por ser um Deus que nos aceita como somos e a partir desse ponto
nos transforma naquilo que fomos criados para ser. Obrigado por nos receber
mesmo que nossa intenção primária fosse somente para ser abençoado. Ajude-nos a
viver um relacionamento mais sincero e legitimo contigo. Não nos deixe centrado
em nossas necessidades, mas que possamos adorá-lo como devemos fazer. Amém.
________________________
O leitor tem permissão para divulgar e distribuir
esse texto e o incentivamos a fazê-lo, desde que não altere seu formato,
conteúdo e que informe os créditos de autoria.