A comunidade molda a natureza do nosso testemunho e do nosso engajamento na missão. ¹
Timothy Keller
Esses momentos não exigem envolvimento, compartilhamento, preocupação mútua ou cuidado intencional, são apenas encontros. E por conta dessa forma de se viver na cidade, muitas pessoas estão a um passo do desespero de estarem cercadas por pessoas, mas não terem convivência nos encontros.
Há nos seres humanos uma busca incessante por algumas coisas que preenchem o seu ser, por exemplo; Qual é o propósito da vida? Qual é o significado da vida? Quem eu sou? Qual é a identidade que possuo? De qual grupo faço parte? Principalmente esse último ponto é algo que tira a paz de qualquer cidadão urbano; o senso de pertencimento.
A seguinte pergunta incomoda: encontro pessoas diária ou semanalmente, mas não me sinto parte do grupo, por que será que isso acontece?
Nesse aspecto já começa a ficar claro que morar em uma cidade com milhares de pessoas que até podem se encontrar hora ou outra, não quer dizer que se faz parte de uma comunidade. Ou seja, de um grupo que se encontra com uma finalidade de comunhão intencional. É aqui que clubes, associações, agremiações, reuniões de produtos e até algumas igrejas podem fazer alguma diferença no contexto urbano.
Mas ainda assim não vemos uma transformação significativa como resultado de um grupo que se encontra intencionalmente como uma comunidade.
Portanto, o chamado de Jesus parece ser um desafio para aqueles que confessam sua fé nele. Jesus ordenou que todos esses discípulos deveriam ir pelo mundo, ensinar tudo aquilo que tem aprendido, discipular e batizar outros que também se tornariam seus discípulos na cidade. Esse é o desafio para toda comunidade cristã!
Por alguma razão não vemos os relacionamentos como parte de nossa missão na cidade. E aqui nos perguntamos: seria possível ensinar, discipular e compartilhar sem um relacionamento? Definitivamente não! Nesse aspecto, precisamos participar de uma comunidade que se encontra e se aperfeiçoa cada dia mais para que haja comunhão intencional entre os seus membros. Porém, ao contrário do que se pensa, essa não é tarefa somente dos líderes, mas de todos os participantes de um grupo.
Não somente isso, esse grupo que convive deve também praticar a sua missão no contexto em que foi enviado a viver, a saber: na cidade. Já sabemos que as cidades estão clamando por relacionamentos saudáveis e significativos e os cristãos não só devem saber - a partir de sua relação com Cristo - como também deve praticar esse relacionamento coma aqueles que não confessam a mesma fé. Somente assim cumpriremos com a “grande comissão”, ou seja, através da “missão de conviver” podemos transformar nossa cidade.
Sendo assim, nos perguntamos; como através de nossa vida em comunidade poderíamos transformar a cidade? A questão principal é o fato de que fomos chamados para uma missão, e, para cumprir aquilo que fomos chamados, precisamos constantemente nos lembrar da ordem do nosso mestre. Somente através de um grupo que convive com comunhão intencional e que retoma a missão do povo de Deus na cidade, é que saberemos viver com a intenção de nos relacionar em uma cidade que sofre por falta de relacionamentos significativos.
Fomos chamados para viver em missão e isso deve direcionar tudo o que fazemos, a forma com que nos relacionamentos e todas as nossas escolhas. Somos criados à imagem de Deus, essa imagem que está sendo restaurada pela redenção iniciada na cruz. Precisamos demonstrar às pessoas da cidade uma nova forma de se relacionar, a partir da redenção de todas as coisas.
Questões para Reflexão:
1. Como você enxerga os relacionamentos na cidade? Você pode fazer algo para mudar?
2. Você se junta intencionalmente para viver em comunhão? Qual é a sua intenção quando você se reúne com as pessoas na cidade?
3. Você acha necessário mudar a sua intenção quando se relaciona com as pessoas?
4. Você acredita que viver em comunidade faz parte da missão cristã? Você tem vivido dos os aspectos da missão que recebeu do próprio Jesus?
© Antonio Gama
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¹ Keller, Timothy. Igreja Centrada. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 369.
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