A comunidade em si é uma das principais maneiras de fazermos evangelismo e discipulado, e até mesmo de termos comunhão com Deus. ¹
Timothy Keller
É muito comum nos vilarejos e cidades pequenas do interior uma vida relacional mais significativa. Isso acontece por diversos motivos, sejam os interesses mais comuns ou pela oferta de emprego mais abrangente. Seja pelo espaço físico com menos pessoas por metro quadrado ou pela saúde pública que, às vezes, consegue atender a população local. Nessas pequenas cidades é muito comum os vizinhos se conhecerem e diariamente conversarem uns com os outros, emprestarem uma xícara de açúcar ou serem padrinhos dos filhos dos outros. Todas essas situações tendem a diminuir as tensões mais comuns das grandes metrópoles.
Por saber de certa tranquilidade que se pode vivenciar nas cidades do interior é comum percebermos a migração para as cidadezinhas quando há aposentadoria, quando os filhos se casam ou quando é descoberto uma questão de saúde como resultado do estresse no ambiente urbano.
Algo que nos chama a atenção é que parece existir um imaginário comum entre a população urbana que por causa do ritmo ser naturalmente frenético, é necessário abster-se também, entre outras coisas, das relações significativas para sobreviver nas metrópoles.
É diante desse paradoxo, em que a cidade fornece uma vida cultural acessível, uma oportunidade de sensibilidades diversas, ambientes gastronômicos surreais e oportunidades de emprego dos sonhos e, também, uma vida frenética sem relacionamentos significativos, a constante adaptação e atualização para manter o emprego e a falta de acesso real aos serviços públicos, que nosso corpo e espírito gritam por socorro. Essas situações levam os cidadãos urbanos viverem uma tensão que os fazem desejar uma forma de relação que seja mais saudável para a vida, o que justifica o desejo pela mudança geográfica.
Quando lemos o Novo Testamento vemos que o próprio Espírito de Deus orientou o registro de vários “mandamentos de mutualidade”, ou seja, aquelas orientações que dizem como os seres humanos devem lidar “uns com os outros”. Pode-se contar mais de vinte desses mandamentos para orientação dos relacionamentos humanos. Vejamos alguns: ensinar uns aos outros, acolher uns aos outros, sujeitar-se uns aos outros, levar as cargas uns aos outros, cuidar uns dos outros, perdoar uns aos outros, amar uns aos outros², entre outros.
Essas orientações para a vida – mandamentos recíprocos - pode fazer toda a diferença nos relacionamentos entre os cristãos que vivem nas cidades e, também, para aqueles que gostariam de fugir dos centros urbanos para uma melhora de vida. Não somente isso, como também pode mudar a relação com que os cristãos se relacionam com as pessoas que não confessam a mesma fé, pois já se sabe que os relacionamentos fazem parte da missão cristã no mundo.
A questão principal é que essa forma de se viver a partir da “mutualidade cristã” não é algo que surge naturalmente em nós, aqui precisamos do impulso do Espírito de Deus em nós. E esse movimento que também é uma relação, tem grande participação daqueles que desejam viver como discípulo de Jesus. Nesse aspecto, estar sensível ao Espírito Santo é algo que surge como resultado de uma devoção diária ao nosso Deus e salvador. Não é possível viver os valores do reino de Deus sem conhece-los, sem saber a sua aplicabilidade e, essa consciência só vem do conhecimento que temos ou não da Palavra do nosso Deus. E ao passo que conhecermos o direcionamento de Deus, o seu Espírito irá nos conduzir cada dia mais em direção à estatura do filho; Jesus de Nazaré.
Fomos chamados para uma “missão de conviver” e não é possível vive-la se tentarmos a partir dos valores humanos. Precisamos conhecer os direcionamentos e valores do reino de Deus – através de sua Palavra - para seu povo e nos submetermos ao seu Espírito para vivermos segundo à sua vontade. Assim viveremos como discípulos de Jesus na cidade!
Questões para Reflexão:
1. Você acredita que é possível viver fora de uma comunidade? Quais consequências podem surgir? Você julga ser necessário uma vida comunitária saudável? Porquê?
2. Você encara a cidade como um espaço em que foi chamado a viver em missão? Como você reage aos problemas urbanos? Você pretende um dia deixar a cidade?
3. Você conhece os mandamentos recíprocos escritos no Novo Testamento? Quais são?
4. Como você acha que seria a cidade se os cristãos vivessem a máxima da Mutualidade Cristã? Você tem pedido ajuda ao Espírito de Deus para praticar esses mandamentos?
© Antonio Gama
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¹ Keller, Timothy. Igreja Centrada. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 369.
² Cl 3.16; Rm 15.7; Ef 5.21; Gl 6.2; Jo 13.34; Ef 4.31, e; Jo 13.34,
respectivamente.
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