quarta-feira, 8 de julho de 2015

Devocional#23 - AS ANGÚSTIAS DA CIDADE


A contextualização saudável mostra às pessoas que os enredos de suas histórias só podem ter um final feliz em Cristo. ¹
Timothy Keller


A cidade é um espaço paradoxal por natureza, nela podemos encontrar coisas maravilhosas como uma produção cultural incrível espalhada por suas ruas, uma gastronomia extremamente diversificada, coletivos e grupos que se unem a favor de uma causa, expressões de amor e carinho entre algumas pessoas, entre tantas outras situações que demonstram a humanidade que nela reside.

Ao mesmo tempo, e talvez seja a maior ênfase, podemos encontrar espaços de supressão de direitos básicos, falta de acesso para todos os moradores ao que é produzido culturalmente, escassez de emprego dignos para as pessoas, uma gestão complicada dos serviços públicos de atendimento, dentre outros problemas crônicos do espaço urbano.

Dentre essa segunda indicação que apresenta os problemas, também é comum encontrarmos ações de menosprezo e desvalorização na cidade. Há entre os moradores urbanos aqueles que são negros, há os pobres, há os especiais, há índios, há nordestinos, há os analfabetos, pessoas que são exatamente como todas as outras, mas que sofrem um menosprezo por serem julgadas como inferiores.

Encontramos porteiros, faxineiras, garis, limpadores, empregadas domésticas, professoras, entre tantas outras profissões que são de certa forma desvalorizadas na cidade. Mesmo que todos necessitem desses serviços e que eles tenham um papel fundamental em nossa sociedade, há aqueles que se julgam superiores a esses profissionais somente pelo fato de terem um outro tipo de emprego.

As cidades são constituídas a partir desses contrastes! O menosprezo, a desvalorização, o desrespeito, o maltrato, a falta de acesso, a negação de direitos, são alguns dos motivos que podem levar parte significativa da população à desesperança, cada dia mais que vivem no ambiente urbano. É muito nítido perceber a angústia da cidade!

E diante desse cenário nos perguntamos: qual poderia ser a postura dos cristãos frente à essa angústia? Como o chamado de Deus para cada um de nós poderia influenciar essa cidade no que se refere ao menosprezo e desvalorização tão comum?

Para respondermos as questões que nos chegam precisamos nos lembrar da postura do nosso redentor, o filho de Deus: Jesus de Nazaré. Um dos primeiros exemplos que ele nos deixou foi que para cumprir com a missão de Deus no mundo, foi necessário entrar nas situações problemáticos das pessoas, sinalizando assim o reino de Deus nesses ambientes. Não foi isso que Jesus fez ao entrar na história da humanidade? Sendo assim, não devemos nos encarcerar em nossas casas e igrejas fugindo dos problemas urbanos, precisamos ser sal e luz nesses ambientes.

O segundo exemplo que precisamos resgatar da vida do nosso mestre foi que durante sua vida e ministério ele dedicou-se a servir às pessoas que lhe procurava, lhe surgia no caminho ou que ele procurava encontrar. Sua postura de servo trazia transformação às pessoas. Nesse caso, precisamos seguir o seu exemplo e nos posicionarmos como servos de Deus na cidade.

Um terceiro exemplo básico de Jesus era que ele tinha qualquer pessoa que surgia a sua frente como quem era portador da imagem de Deus, sendo assim, tinham um valor intrínseco neles mesmos, seja qual fosse suas profissões, seus status na sociedade, suas posses e bens, seu grau de conhecimento ou qualquer outro favor externo. Jesus os encarava como portadores da imagem de Deus, portanto, digno de serem tratados com respeito, mesmo que estivesse exortando tais pessoas para o arrependimento de seus pecados. Assim também precisamos agir com todas as pessoas de nossas cidades, elas são dignas por terem a imagem de Deus nelas, mesmo que imagem esteja ainda desfigurada.

Quando enxergarmos as pessoas como dignas por si mesmas, iremos cumprir com parte da missão de sinalizar a esperança na cidade. Jesus fez assim e nos chama para vivermos segundo o seu exemplo. Somos chamados para viver levando esperança aos cidadãos urbanos.   

Questões para Reflexão:
1. Você consegue citar outras situações angustiantes da cidade? Como você tem reagido a essas situações? Por que você escolheu viver com essa postura?
2. Você acredita que Deus se preocupa com as angústia de nossa cidade? Porquê?
3. Quando você olha para o número significativo de cristãos no Brasil, você acredita que eles agem conforme o exemplo de Jesus? E você, como tem vivido e feito suas escolhas?
4. Você vive sob a convicção de que foi chamado por Jesus para viver em missão na cidade? Como você tem vivido essa convicção no que se refere a sinalizar a esperança?

© Antonio Gama
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¹ Keller, Timothy. Igreja Centrada. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 108.
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