terça-feira, 23 de junho de 2015

Devocional#09 - O ESTILO DE VIDA DOS SERVOS


Sempre que um cristão está trabalhando em nome de Jesus para a reconciliação no mundo...para curar as enfermidades causadas pela Queda, e onde essa atividade brota do amor cristão e do verdadeiro senso de vocação cristã, ali Deus está em ação e ali há um sinal do reino.¹ 
Howard  Snyder

Não é difícil perceber o quanto cada pessoa tem seu próprio estilo. Por causa do advento da internet, muitos estilos que eram comuns serem visto apenas em uma região específica da Inglaterra é mais possível ser encontrado na cidade de São Paulo. Roupas, objetos, experiências religiosas são cada dia mais divulgados como novidades e logo se tornam a nova moda do momento.

Uns dizem ter o estilo tal, outros afirmam que não seguem nenhuma tendência. Mas, os seres humanos não apenas seguem o estilo de roupa de um grupo específico, também seguem o estilo de vida de uma região que desperta a atenção, principalmente pelo fácil acesso que temos atualmente pela internet.

De certa forma, algumas fronteiras foram cruzadas. Percebemos isso até mesmo com as religiões, mesmo aquelas que não tem uma preocupação com sua propagação. Em uma situação específica, alguma pessoa entra em contato com um grupo religioso em outro país, gosta do estilo de vida de certa religião e traz na bagagem seus objetos religiosos e as anotações do culto no caderno, daí em diante o seu estilo passa a ser esse e começa a influenciar outros a viverem da mesma forma.

Também é comum a mudança forçada de um país para outro fazendo com que alguns habitantes levem consigo suas crenças religiosas e as pratiquem em outra região do mundo.

O que nos interessa aqui é justamente o fato que, querendo ou não, optamos sempre por viver um estilo de vida. A pergunta principal é; será que os cristãos deveriam viver um estilo de vida específico? Qual estilo seria mais parecido com a forma que Jesus e seus discípulos viveram?
Já ficou claro que o alvo para os cristãos não é criar um estilo de roupa ou acessório “gospel”, nem é um alvo criar uma categoria de música, levando assim todos os cristãos viverem o estilo de vida “gospel”. Não! Isso de fato é diminuir a abrangência da missão cristã no mundo. Jesus chamou aqueles que seriam seus discípulos para um estilo de vida específico, mas esse estilo pouco tem relação com a forma que alguns cristãos vivem suas vidas nas cidades.

A comissão que recebemos é que deveríamos viver em missão em todos os locais. Jesus ensinou que aqueles que quisessem ser os maiores no reino de Deus deveriam ser os que mais servissem nessa vida. Esse de fato é o estilo de vida que devemos seguir, um “estilo de vida de servos”. Somos chamados para o serviço nas cidades e a intensidade que vivermos essa missão demonstrará o nosso estilo de vida.

Aqueles que somente fazem uma ação evangelística em determinado dia da semana e em um horário específico ainda não compreenderam que o chamado de Jesus é para um estilo de vida que deve servir às pessoas em todos os momentos, como quem vive em missão. Foi assim que Jesus viveu. Para isso ele comissionou os seus discípulos e é para isso que ele tem chamado cada um de seus servos no decorrer dos séculos após sua vida na terra.

Quando perto de sua morte na cruz, Jesus fez um dos atos que era reservado apenas para os serviçais fazerem, lavar os pés daqueles que chegavam em casa. A bacia, a água, a toalha e o gesto de serviço só estava relembrando os discípulos que a ação de servo e humilhação já era constante em Jesus desde quando se humilhou e se encarnou em um corpo humano como um servo. E que na sequência de lavar os pés, ele mesmo iria se entregar em um madeiro para a redenção de toda a criação de Deus.

Jesus tinha um “estilo de vida de servo” e nos chama a encarnar esse estilo em nossas vidas diariamente. Somos chamados a viver assim no mundo, viver com a “missão de servir aos outros” e sinalizar o reino de Deus através do nosso amor e testemunho que só é possível ser demonstrado através do serviço. Só nos cabe vivermos com o estilo de vida de Jesus, dos apóstolos e de vários cristãos na história da Igreja, ou seja; de servos!

Questões para Reflexão:
1. Você concorda que cada pessoa segue um estilo de vida? Qual é o seu estilo?
2. O seu estilo de vida tem sido igual ao de Jesus e dos apóstolos, ou seja, de servo?
3. Você acredita que o seu estilo de vida está revelando que de fato você é um discípulo de Jesus? Existe algo que precisa mudar para viver como servo?
4. Você tem seguido os passos do seu mestre Jesus? Você vive como servo na cidade?

© Antonio Gama
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¹  Snyder, Howard. A Comunidade do Rei. São Paulo: ABU, 2004, p. 82.
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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Devocional#08 - MISSÃO DE SERVIR


Se pudermos aceitar esse conceito mais amplo de missão como serviço cristão no mundo...os cristãos poderiam, sob a direção de Deus, fazer um impacto muito maior na sociedade. ¹
 John Stott


As cidades são permeadas de situações de conflito, angústia, fome e ausências. Definitivamente não são poucos os espaços que, se levado em consideração, se apresentam como um ambiente de serviço em potencial para qualquer cristão.

Porém, sabemos que o número cada vez maior de evangélicos parece que não tem feito uma renovação significativa da sociedade, e talvez, isso não ocorra até o retorno de Cristo, mas essa situação não deveria nos fazer desanimar.

A corrupção, negligência e falta de empatia que julgamos nos políticos também é comum serem encontradas em boa parte daqueles que se confessam evangélicos. Ao olhar para as cidades é possível detectar vários ambientes de necessidades e problemas crônicos. Portanto, como cristãos, devemos enxergar esses espaços exatamente como o “ambiente da missão” que recebemos do próprio Deus.

Durante muitos anos fomos ensinados que alguns cristãos foram chamados como missionários transculturais e que deveriam se preparar disciplinadamente para a atuação missionária em outro estado ou um país de outro continente. Aprendiam a língua, os costumes, a cultura, a forma de socialização, as maiores necessidades do povo local e, então, se preparavam para a ação evangelística principalmente iniciando nessas áreas que poderiam servir como voluntários. Na verdade, ainda é assim a preparação básica dos missionários transculturais, e essa ainda parece ser é a melhor forma de ação.

A questão principal, para cada um dos cristãos que não foram chamados ao ministério evangelístico, é que pouco foram ensinados de forma intencional a viverem em missão no mundo, e que, para cumprirem com essa missão, deveriam se preparar de forma semelhante aos missionários transculturais.

Sendo assim, primeiro, fomos pouco ensinados que deveríamos viver em missão em todos os ambientes que passamos, frequentamos ou vivemos. E segundo - que não faz sentido ser ensinado sem a compreensão do primeiro ponto - é a realidade que deveríamos nos preparar para a missão local na nossa realidade de vida assim como um missionário se prepara quando vai para uma outra cultura. O mesmo exercício que um missionário faz para detectar necessidades de uma determinada população que será evangelizada, deveria ser o exercício que os cristãos em geral deveriam fazer. E quando percebermos que as situações angustiantes que surgem na cidade na qual vivemos é exatamente o ambiente de evangelização, a nossa “missão de servir” será cada vez mais efetiva.

É muito possível que nesse momento, tendamos a afirmar que a diferença entre nós e os missionários, é que eles não estão vivendo no problema do povo que irá evangelizar, e nós sim. Mas não podemos nos esquecer que eles se preparam para viver exatamente no meio do problema, passando a vivenciar as angústias do povo local. Na verdade, eles saem de uma situação de vários problemas de uma cidade onde vivem e vão servir como evangelistas em outras que, normalmente, iniciam suas ações a partir das necessidades, angústias e problemas locais.

  Esse é o ponto principal para que compreendamos a consciência de missão que precisamos ter. Todos os cristãos estão em um espaço de necessidades que emerge como um ambiente de “missão de servir” nas cidades locais. E quanto mais transformarmos a nossa mente e passarmos a viver em missão no ambiente urbano, servindo justamente naquilo que identificamos como os principais problemas, mais realizaremos a missão que nos foi dada por Cristo.

 Jesus de Nazaré nos “comissiona ao serviço” e, quando assim vivemos, as pessoas das cidades são impactadas pelo serviço cristão, pois elas não entendem como é que alguém que vive os mesmos problemas ainda encontram espaço em suas vidas para “servirem uns aos outros”. E é por conta disso que não devemos nos esquecer que somos chamados a sinalizar os valores do reino de Deus, principalmente através da “missão de servir”, em todos os lugares que vivemos. A cidade então passa a ser o nosso ambiente principal de serviço. Somos chamados a servir na cidade, chamados a servir as pessoas nos ambientes urbanos. Jesus nos comissiona a “transformar as cidades através do serviço”

Questões para Reflexão:
1. Você compreende os problemas da cidade como um espaço de servir?
2. Você se prepara para viver em missão na cidade assim como um missionário faz?
3. Você acredita que foi chamado para transformar a cidade através do serviço?

© Antonio Gama
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¹  Stott, John. A Missão Cristã no Mundo Moderno. Minas Gerais: Ultimato, 2010, 

p. 41.
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domingo, 21 de junho de 2015

Devocional#07 - TRANSFORMAR A CIDADE ATRAVÉS DO ENSINO


Querer bem e servir à cidade não apenas revela amor e compaixão; agir assim também fortalece as mãos do povo de Deus, que leva a mensagem do evangelho ao mundo. ¹
Timothy Keller


Viver nas grandes cidades se torna cada vez mais difícil, principalmente pelo fato de muitas pessoas enxergarem nela um espaço para terem acesso a oportunidades que não teriam caso permanecessem no interior, e assim, pensarem que iriam obter uma melhora razoável na condição econômica e acesso aos meios de atendimentos públicos. Como resultado dessa migração para os centros urbanos, é muito comum uma grande população em algumas poucas grandes cidades do país.

Se olharmos de forma sincera, percebemos que esse movimento tem seu ponto verdadeiro assim como um lado negativo. Pois sabe-se que há uma negligencia de atendimentos públicos do governo para muitas cidades do interior. Porém, também é perceptível a realidade neurótica da vida nos espaços urbanos das grandes metrópoles, seja pela superpopulação, pela tendência individualista das ações e pelo limite de atendimento social também nas grandes cidades, gerados por diversos problemas de administração pública. Toda essa realidade do espaço urbano traz, de certa forma, uma desesperança para qualquer pessoa. E é exatamente nesse ponto que fica mais nítido o ambiente de nossa prática de missão.

Os discípulos de Jesus sabem que a esperança para o mundo não está em uma filosofia, em uma ideologia ou em alguma solução humana. Somos constantemente alertados que o príncipe desse mundo é contrário aos valores do reino de Deus e que os cristãos são chamados a praticarem esses valores como estilo de vida. Não só sabemos, como percebemos a falência das teorias humanas para solução de problemas que emergem nas cidades. E é exatamente por causa dessa realidade urbana que somos chamados pelo próprio Cristo a “irmos e fazermos discípulos de todas as cidades”.

Somos comissionados por Jesus para “vivermos em missão” a ponto de “transformarmos a cidade através do ensino” e assim sinalizar o reino de Deus e viver o estilo de vida desse reino.

Os cidadãos estão cada vez mais necessitados de uma referência significativa para enfrentar os dilemas, angústias, solidão e desesperança no ambiente urbano, e, os cristãos podem e devem propagar esse estilo de vida de Jesus que tem o poder de transformar a cidade em um espaço de convivência mais saudável. Porém, nunca deixar de afirmar a verdade de que os problemas são muito mais profundos do que aqueles que surgem no exterior dos homens, afinal o que se vive é resultado do interior do coração humano.

Não haverá transformação significativa nas cidades se os cristãos que vivem nela não forem intencionais no seu “estilo de vida em missão” e, assim, serem “sal e luz” em tudo o que fizerem, em todos os lugares e em toda a sua forma de ação. A melhor estratégia missionária para a cidade é a consciência que cada cristão deve ter uma “vida missional” e assim testemunharem do evangelho do reino a partir de suas ações na cidade. A esperança surgirá quando os discípulos, viverem de fato como discípulos de Jesus no mundo.

As cidades estão apodrecendo com a maldade humana, por isso elas necessitam de “sal” para sua conservação. Quem poderá salga-la melhor do que os discípulos de Cristo? Os ambientes urbanos estão cada vez mais obscuros onde há perversão e maldade nas instituições, nas casas, nas ruas, becos e vielas. Quem melhor do que os cristãos para ser a manifestação da “luz” de Cristo nesses lugares a ponto de trazer transformação?

Esse é o chamado que temos diante de nós. Somos comissionados para “transformar a cidade através do ensino” no qual o discipulado aconteça primeiro em nós e, como consequência natural, alcance as cidades onde vivemos. Que as cidades possam ser transformadas por causa do estilo de vida dos cristãos que, afinal, representam Jesus no mundo. Esse é um dos pilares da missão da Igreja. É assim que um discípulo vive; para a glória de Deus nas cidades. Deus está em missão no mundo, nós devemos alinhar a nossa missão àquilo que Ele já está fazendo.

Questões para Reflexão:
1. Você consegue reconhecer os principais problemas de sua cidade?
2. Você acredita que as angústias das pessoas pode ser o ambiente de ação missional?
2. Você concorda que as cidades com os seus principais problemas é exatamente o contexto que Jesus enviou os discípulos para viverem em missão?
3. Você julga viver como um verdadeiro discípulo diante das necessidades da cidade?

© Antonio Gama
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¹  Keller, Timothy. Igreja Centrada. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 171. ______________________________________

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sábado, 20 de junho de 2015

Devocional#06 - INDO E FAZENDO DISCÍPULOS


Precisamos falar a palavra do Espírito e vida, e não simplesmente repetir a palavra escrita. O cumprimento da Palavra ocorre por meio da vida que o Espírito coloca em nós. ¹
Juan Carlos Ortiz


Que o próprio Jesus nos comissionou para o discipulado está cada vez mais claro em nossas mentes, mesmo que a nossa vida revele, às vezes, uma postura de adiamento constante da prática desse chamado.

Nesse momento é necessário nos lembrarmos que não poucas vezes somos tomados pelas tarefas que a vida na cidade nos impõe. Somos forçados a viver, mesmo que sem intenção, uma vida centrada em nós mesmos, pois, todo nosso tempo está focado nas atividades que interessam somente a nós mesmos, aos nossos familiares, ou, quando há um tempo, aos nossos amigos mais próximos.

Quando somos lembrados da comissão que recebemos de Jesus Cristo de “ir e fazer discípulos” praticamente nos sentimos incomodados pois sabemos que em nossa agenda, muitas vezes, não há espaço para uma ação evangelística, uma ação de serviço para uma família necessitada ou à alguma organização filantrópica. Outras vezes, quando confrontados pela responsabilidade do discipulado, listamos mentalmente algumas ações que fazemos nas diferentes igrejas ou organizações cristãs que frequentamos, para assim, justificarmos a nós mesmos nossa parte no cumprimento da “grande comissão”.

A questão principal não é necessariamente o que estamos fazendo, mas sim como lidamos com a nossa vida, diariamente, em todos os locais que passamos, frequentamos e vivemos.

Aqui nos perguntamos; como iremos fazer todas as tarefas diárias e ainda assim cumprir a grande comissão? De onde tiraremos forças para “viver em missão na cidade”?

Para sermos verdadeiros discípulos de Jesus de Nazaré alguns valores precisam ser transformados primeiro dentro de nós. E ainda que nos tornemos cada dia mais parecidos com o próprio Cristo, ainda necessitamos do Espírito Santo de Deus para sermos testemunhas do “evangelho do reino” nas cidades. Somente quando formos constantemente capacitados pelo Espírito de Deus conseguiremos abrir mão da centralidade de nossas vidas e, mesmo fazendo as nossas tarefas diárias, também vivermos como testemunhas do evangelho.

Esse é o desafio para o nosso tempo, vivermos diariamente como discípulos de Jesus. Ter a consciência de quem vive em missão. E para que essa postura seja cada vez mais real e significativa, precisamos de uma transformação de mente em dois aspectos.

O primeiro é que precisamos ter a consciência correta de como podemos cumprir a missão do povo de Deus no mundo. Que não é através de cultos e eventos evangelísticos, embora também possa ocorrer. Mas que a missão que recebemos envolve tudo o que fazemos e todo o tempo de nossas vidas. Seja no relacionamento com os vizinhos, com os amigos no trabalho e dos estudos, com a cabeleireira ou o porteiro do prédio. Não podemos nos esquecer que uma das implicações do chamado para nossa vida é o “indo”, seja por onde for.

A segunda transformação é que, fazer discípulo não envolve necessariamente que todo primeiro contato com uma nova pessoa se faz necessário descarregar tudo o que se sabe sobre o plano de salvação até que a pessoa aceite a Jesus. Constantemente isso amedronta e expele os ouvintes, além disso, por alguns acharem que é somente assim que se compartilha a fé, não o fazem por serem tímidos.
Ao contrário dessas formas, a comissão de Jesus para os seus discípulos é para que “façam discípulos” através de uma “vida testemunhal” em que as pessoas vejam uma nova forma de se viver. Que percebam como é viver no mundo com os “valores do reino de Deus”. Que percebam a esperança e paz que está em nós por causa da salvação que recebemos e da verdadeira vida que nos foi trazida por Jesus. Mas não podemos esquecer que essa postura de vida testemunhal só é possível através do nosso relacionamento com o Espírito de Deus. Ele é quem nos capacita para “viver em missão”. Ele é quem nos alinha com a missão de Deus no mundo.

Questões para Reflexão:
1. Você concorda que todos os ambientes que vivemos é o nosso contexto de missão?
2. Você tem o Espírito Santo de Deus como um parceiro para uma vida missional?
3. Para você, é possível ser discípulo de Jesus sem sinalizar os valores do reino de Deus?

© Antonio Gama
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¹  Ortiz, Juan Carlos. O Discípulo. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1980. p. 170. ______________________________________

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sexta-feira, 19 de junho de 2015

Devocional#05 - TESTEMUNHO E DISCIPULADO



Mais uma vez nos deparamos com o desafio da encarnação de renunciar ao evangelismo feito com frases de efeito, e, em vez disso, nos envolver com sensibilidade nos dilemas reais dos homens.¹  
John Stott


Jesus comissionou todas as pessoas que aceitariam o senhorio dele para serem não apenas seguidores, mas em essência, se tornarem discípulos no mundo. E quando nos comissionou, o fez trazendo uma sequência lógica para a nossa missão na cidade. Afirmou que deveríamos ensinar todas as pessoas a praticar o que ele próprio nos ensinou. Ou seja, o que nos foi comunicado pelas escrituras sobre o estilo de vida de Cristo é o que devemos viver e também ensinar as outras pessoas.

O que Jesus afirmou quando nos trouxe a “grande comissão” é que o nosso discipulado deve ser intencional, tanto para cada um de nós quanto para as pessoas que somos chamados a discipular. Mas, como devemos discipular intencionalmente as pessoas? O que devemos fazer e quais formas devemos utilizar para cumprir com essa “missão de ensinar”?

Precisamos, antes, nos lembrar que o contexto de vida nas cidades é tão intenso e avassalador que muitas vezes o simples fato de vivermos na realidade urbana já nos faz perceber alguns sinais de necessidades que aparecem para qualquer cidadão. As pressões da vida urbana e a lógica moderna de vida individualista trazem problemas emocionais que tem levado muitos ao desespero e angústia mesmo que constantemente vivam rodeadas por pessoas. Sabemos que não é nem possível listar os problemas psíquicos que aparecem como resultado de se viver nas cidades.

É por causa da realidade emergente, dessa era das cidades, que precisamos ficar atentos em como podemos cumprir com a “grande comissão” mesmo que cada um de nós também sinta na pele esses problemas, passando pelas mesmas angústias de toda a população urbana. Esse também é um dos desafios para os cristãos desse século.

Afinal, o nosso chamado não foi para vivermos em um monastério, retirado da cidade, pelo contrário, devemos ir em direção a ela para ajudar as pessoas que vivem nesse contexto. Sabemos que muitos cristãos estão concentrados também em centros urbanos e passam pelas mesmas situações, por esse fato, viver em missão como um discípulo de Jesus se torna um desafio cada vez maior.

O que é necessário resgatarmos é a realidade que o próprio Jesus afirmou para aqueles que seriam seus discípulos. Que no mundo teríamos momentos difíceis, mas que deveríamos ter bom ânimo, pois ele mesmo venceu o mundo e que, por causa disso, ele estaria conosco nos ajudando a vencer também. Essa é uma das diferenças entre aqueles que tem Jesus como seu amigo e Senhor, pois mesmo que passem dias difíceis diante dos dilemas e as angústias da cidade, sabem que tem alguém que está constantemente com eles, os ajudando a viver com ânimo. A maior dificuldade é viver as tensões da cidade e não ter com quem contar!

E foi exatamente para isso que fomos comissionados, para sinalizar uma nova forma de viver no mundo, uma nova forma de encarar e passar pelos problemas que surgem na vida e, sobretudo, para apresentar o próprio Cristo como esperança para os momentos de tensões e angústias da vida urbana. Somos comissionados para discipular a população da cidade que necessita urgentemente de paz na alma, tranquilidade emocional e ser resgatados espiritualmente.

Somos chamados para sinalizar um reino que nos ensina viver de forma saudável e, apresentar um Deus que nos resgata do egocentrismo e nos oferece a real salvação para a vida eterna. Uma vida eterna que recebemos quando reconhecemos o senhorio de Jesus sobre a nossa vida, que nos traz uma nova realidade de paz mesmo em meio a tanta desesperança divulgada nas mídias, retratando uma cidade em caos constante.

Jesus nos convida para esse “testemunho e discipulado intencional” em que a verdadeira vida possa ser sinalizada através da nossa forma de viver no mundo. Através da nossa “vida testemunhal”, que se transforma em uma pregação constante sobre os valores do reino de Deus e do estilo de vida de Jesus.

Questões para Reflexão:
1. Você concorda que há muitos problemas nas cidades e que isso tem levado muitas pessoas ao desespero e angústia? Já imaginou passar por essa situação sem Jesus?
2. Será que somos realmente enviados a viver em missão em um contexto como esse?
3. Você acredita que sua missão como discípulo de Jesus é ter uma vida testemunhal e fazer, constantemente, um discipulado intencional nas cidades? Por quê?
4. Você acredita que onde vive é exatamente o lugar que foi enviado para missão?

© Antonio Gama
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¹  Stott, John. A Missão Cristã no Mundo Moderno. Minas Gerais: Ultimato, 2010, 

p. 98.
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quinta-feira, 18 de junho de 2015

Devocional#04 - ENSINAR PELO EXEMPLO


É para essa vida de discipulado que Cristo nos chama. Ele morreu e ressuscitou para nos dar uma nova vida. Ele nos deu o seu Espírito para podermos vivê-la no mundo.¹  
John Stott

 
É muito difícil para qualquer pessoa mudar suas atitudes e hábitos quando, ao ser atendida por um médico, receber uma orientação para cuidar melhor de sua saúde através de exercícios, boa alimentação e disciplina, e esse médico que fez as orientações ser visivelmente descuidado com sua própria saúde. Da mesma forma, é muito complexo para qualquer criança receber correções e direcionamentos de seus pais para que façam alguma coisa ou vivam de determinada forma quando esses pais fazem ou agem de forma contrário ao seu pedido.

Em ambos os casos, vemos uma situação que infelizmente é parecida e corriqueira entre alguns evangélicos em nossas cidades. Por mais que o número daqueles que se confessam cristãos aumente em cada pesquisa, não vemos mudanças significativas acontecerem na vida pública do nosso país. Pelo contrário, percebemos cada vez mais que o testemunho pessoal e coletivo tem sido pior para o cumprimento da missão que recebemos de Jesus. Eis o grande desafio contemporâneo para os discípulos de Cristo.

Parece-nos que por mais que tenha uma grande aceitação por parte das pessoas e que muitos afirmam ter reconhecido Jesus como o salvador de suas próprias vidas, ainda assim, é possível supor que poucos entre os evangélicos de nossa cidade tenham reconhecido a Cristo como o seu Senhor. Não somente isso, como também não aceitaram os desafios constantes do discipulado cristão. Sendo assim, muitos têm uma vida em que frequentam os cultos durante a semana, alguns até fazem suas orações e leitura bíblica diariamente, mas fizeram uma separação que a Bíblia não faz e nem é permitido por Jesus; separaram suas vidas entre o “sagrado” (o culto de final de semana e a devoção particular) e o “secular” (o trabalho, profissão, vida familiar e etc).

Esses vivem na esfera no “sagrado” até seguindo o exemplo de personagens bíblicos e dos ensinamentos de Cristo, porém, vivem em todos os outros locais -  o que eles pensam ser espaços “seculares” - como se fosse uma área diferente em que devem agir com a lógica e ensinamentos que aprenderam de seus pais, amigos, mídia ou por intuição próprio, mas não da forma que o próprio Jesus ensinou.

No final das contas, reconhecemos Jesus como o salvador de nossas almas e que pode nos livrar do inferno e da ira de Deus, mas não o reconhecemos como Senhor de nossas vidas e também não reconhecemos a sua soberania sobre todas as áreas de vida humana. Portanto, muitas vezes, não vivemos todas as coisas sob a orientação de Jesus, sob seu comando e seus ensinamentos. Vivemos sob orientação parcial apenas nas coisas que julgamos serem espirituais.

Esse estilo de vida que faz separação entre sagrado e secular não traz consequências ruins apenas para nós, na verdade, quando agimos dessa forma, mesmo que inconsciente, estamos deixando de ser e viver como discípulos de Jesus no mundo e, por causa disso, não cumprimos com a missão que recebemos dele. Pois, não testemunhamos com a vida o que é viver para Cristo, deixando assim de sinalizar o reino de Deus na cidade, ou seja, deixamos de viver uma vida testemunhal. Na prática, estamos gritando com os lábios o que as nossas atitudes e hábitos contradizem.

Mais uma vez, o que nos cabe é o arrependimento diante do nosso mestre e aquele que chamamos de Senhor, pois muitas vezes, mesmo que inconsciente, fazemos um desserviço ao reino de Deus, por não termos uma vida testemunhal diante das pessoas que nos rodeiam diariamente. E com o coração arrependido, devemos buscar ser verdadeiros discípulos de Jesus de Nazaré através do “ensino pelo exemplo” e assim, com a graça de Deus, cumprirmos a “missão de ensinar” as pessoas de nossas cidades. 

Questões para Reflexão:
1. Você concorda que há pessoas que fazem indicações que nem mesmo elas seguem? Como você se sente quando recebe uma indicação que é contrário a prática da própria pessoa que está recomendando?
2. A sua atitude de vida quando está no trabalho é a mesma quando está em um culto? De forma sincera, responda se você vive como discípulo de Jesus em todos os ambientes que frequenta.
3. Você acredita que diariamente exerça uma vida testemunhal, na qual as pessoas reconheçam Jesus através de suas atitudes?
4. Você se lembrou de alguma atitude que gostaria que Deus mudasse em você? Você pode colocar diante de Deus nesse exato momento. Peça a ele para viver ainda mais como um discípulo de Jesus na cidade.

© Antonio Gama
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¹  Stott, John. Cristianismo Básico. Minas Gerais: Ultimato, 2007, p. 197.
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